Equilíbrio de gênero e papel dos investidores são discutidos em evento da amec

A representante do 30% Club, Anna Guimarães apresentou, em evento para associados, o projeto que visa levar maior equilíbrio de gênero às empresas do IBrX 100. Ela explorou a contribuição que os investidores podem dar para que esse processo seja disseminado no Brasil.

Na abertura do encontro Fábio Coelho, Presidente Executivo da Amec reforçou a importância das questões ESG na atuação da Associação . “A Amec

conta com mais de 60 associados, e algumas das pautas fortes que temos debatido referem-se a questões de ESG. E diversidade de gênero também se insere na pauta, além de ser tema atual e relevante para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro”, disse.

Falando sobre o projeto 30% Club, Anna Guimarães contou que é uma campanha voluntária de abrangência global. “O projeto foi fundado em 2012, no Reino Unido, e na época eles tinham 12% de mulheres nos conselhos das empresas. No ano passado, eles atingiram o percentual de 30%”, disse. Anna destacou que de 14 capítulos pelo mundo, três já atingiram a meta dos 30%.

O Brasil ingressou em 2018 e, atualmente, há 11% de mulheres nos conselhos das empresas do IBrX 100. “Temos uma meta de curto prazo, que é de contar com pelo menos uma mulher em todos os conselhos do IBrX 100 até 2021. Atualmente, 60% das empresas já têm uma representante feminina em seus conselhos. No médio prazo, queremos atingir a meta de 30% de mulheres nos conselhos até 2025”.

A representante explicou que o 30% Club globalmente abrange posições de alta gestão (C-Level) e de conselhos , mas no Brasil o projeto está focado nas conselheiras. “É algo bastante desafiador, mas é importante registrar que a meta é aspiracional e que precisamos desse apoio de investidores”, complementou. No início da campanha no Brasil, as mulheres representavam apenas 7,3% dos membros dos conselhos.

Anna explicou também que o 30% Club não é movimento com participação exclusiva de mulheres. “Nosso foco não é ter um movimento de lideranças femininas , mas sim focar em decision makers que conseguem promover as mulheres nas posições de conselho e, com isso, atingir o equilíbrio de gênero”. Segundo ela, esses atores são investidores institucionais, acionistas controladores, presidentes. “Na minha visão, esse foco nos tomadores de decisão é assertivo. O Reino Unido começou o movimento em 2012 e em 2019 atingiu a meta”, destacou.

Grupo de investidores

Alberto Camões, membro do grupo de investidores de 30% Club Brasil e Sócio da Stratus, compartilhou sua experiência com private equity e detalhou algumas ações em curso sobre o tema diversidade. “Nós investimos em empresas e saímos desses investimentos em uma estratégia que passa por aquisições e crescimento orgânico. Aplicamos os princípios ESG e mais recentemente focamos na igualdade de gênero. Outro aspecto é que nossas empresas investidas [ainda não listadas] são preparadas desde cedo para o mercado de capitais”, contou

Alberto ressaltou a importância dos investidores na escolha de conselheiros e conselheiras. “Os conselhos são majoritariamente masculinos e tem uma dinâmica de renovação que não pode ser muito rápida, até pela história da empresa. No IBRx 100, temos 11% das posições de conselho ocupadas por mulheres. Se cada empresa aumentar uma posição no conselho e ela for preenchida por uma mulher, chegaríamos em 19%”, disse.

Se forem aumentar duas posições, também para mulheres chegaríamos em 24% a participação feminina. “Então, o mais fácil a se fazer é ampliar um pouco conselhos e levar pessoas novas, no caso mulheres, do que esperar pela dinâmica normal de renovação”, complementou. Estimular essa aplicação dentro das companhias investidas. “É muito mais fácil e o saldo é positivo, pois a diversidade trás uma percepção de melhor avaliação de riscos da empresas”, complementou.

Papel dos Investidores

Alberto ressaltou que atualmente a uma oportunidade ainda maior para se caminhar para essa diversidade de gênero, conforme aumenta a perspectiva de IPOs na bolsa. “Esse é o momento de termos muito mais conselheiros e conselheiras do que antes, considerando as novas empresas no mercado. Temos aproximadamente 400 empresas abertas no Brasil. Se tivermos 20 IPOs por trimestre, em um ano temos aumento de 20% no número de empresas abertas. Antes das empresas abrirem capital, já é possível levar essa mensagem”, disse.

Anna Guimarães disse ainda que o 30% Club é uma campanha voluntária sem fins lucrativos, e que as instruções que fazem parte do grupo de investidores exercem um papel de influência. “Os investidores que passam a ser signatários podem promover nas investidas a cultura de maior número de conselheiras nas empresas”.