Após aporte da Stratus, Flex fica com o controle da RR

Topazio Silveira, da Flex: meta de elevar a receita em 35%, para R$ 450 milhões

Pouco mais de seis meses depois de receber um investimento do fundo Stratus, a catarinense Flex Contact Center anuncia hoje a compra do controle acionário da paulistana RR, especializada na área de cobrança. O valor da operação não foi revelado.

Com o negócio, as companhias unificam as operações e passam a atuar como Flex RR. O novo negócio terá praticamente o dobro das operações separadas. Juntas, as empresas registraram vendas de R$ 332 milhões no ano passado, sendo R$ 187 milhões da Flex e R$ 145 milhões da RR. Os sete mil funcionários da Flex se somarão aos três mil da RR e ficarão divididos em 12 escritórios em Santa Catarina e São Paulo. De acordo com Fábio Ruiz, fundador e presidente da RR, e agora presidente do conselho estratégico da nova companhia, não estão previstas demissões, uma vez que as operações são complementares.

Segundo Topázio Silveira Neto, fundador da Flex e presidente da Flex RR, a ideia é construir uma empresa que atue no modelo de ponto único de contato, que ofereça serviços de relacionamento com o cliente, concessão de crédito e cobrança. Até o fim do ano, a meta é chegar a uma receita de R$ 450 milhões, o equivalente a um crescimento de 35%. O mercado de contact center tem previsão de um avanço tímido em 2015: 3,78%, para R$ 45,6 bilhões, segundo a empresa de pesquisa Econsulting.

Na avaliação de Alberto Camões, sócio da Stratus, com a união a Flex RR ganha um porte intermediário que pode ajudar em seu crescimento. “Ela fica pequena o suficiente para ser ágil e não tão pequena para ter risco operacional para os clientes”, disse. Quando recebeu o aporte da Stratus, a Flex estipulou a meta de chegar a uma receita de R$ 500 milhões em até quatro anos e investir R$ 200 milhões no período. De acordo com Silveira, os valores estão mantidos.

Os primeiros movimentos da Flex RR serão para ampliar as vendas dentro dos 40 clientes que as duas companhias atendiam individualmente com seus serviços. “Só três ou quatro já eram atendidos pelas duas empresas. E mesmo assim com coisas diferentes”, disse Silveira. Além das vendas cruzadas, a Flex RR pretende avançar, aproveitando o momento ruim da economia. É que com o aumento da inflação, e do desemprego, os números da inadimplência também estão avançando, o que pode elevar a demanda pelos serviços de cobrança.

“Esse cenário também dificulta o pagamento das dívidas, é verdade, mas com tecnologia você consegue direcionar melhor o trabalho e atingir quem tem mais chance de pagar”, disse Ruiz. Desde 2011 a RR tem investido em sistemas de análise de dados para reduzir o trabalho manual nos processos de cobrança.

O setor de call center pode ser menos afetado que o previsto na revisão das desonerações concedidas pelo governo. Ao invés de dobrar o imposto para 4%, a negociação é que ele fique em 3%. “Não é o ideal, mas é o menos pior”, disse Silveira.